128º Passeio pedestre Fevereiro 2012

Salir de Matos 26 de Fevereiro de 2012


OS CAMINHEIROS DOS PIMPÕES NA FREGUESIA DE SALIR DE MATOS

 No último domingo de Fevereiro os Caminheiros dos Pimpões em parceria com a Casa da Cultura José Bento da Silva, de S. Martinho do Porto, madrugadores e entusiastas por mais uma higiénica e salutar actividade ao ar livre, o 128º passeio pedestre, ao alcance de todos e ao ritmo de cada um, lançaram-se à aventura, por pequenos carreiros e estradas de terra batida de Salir de Matos, antigo domínio dos Coutos de Alcobaça.
Esta freguesia com cerca de 3.000 habitantes distribuídos por vinte e sete lugares, orientada para nascente do Concelho das Caldas da Rainha, é essencialmente agrícola e está implantada numa área geográfica rodeada por montes e vales de uma encantadora e inebriante beleza.

A partida deu-se no largo em frente ao Centro Recreativo e Cultural, após uma breve visita guiada à Igreja Paroquial, cujo patrono é Santo António. Desfrutando de amplas vistas panorâmicas com paisagens de luzes e odores únicos em que os melros assobiam e os pardais pipilam alegres e despreocupados, inseridos num céu infinito de azul e brilhante, o grupo, serpenteando por entre vinhedos, pomares e pequenas matas mediterrânicas com mil cheiros, abandonou a sede de freguesia e caminhou em direcção aos lugares de Cabreiros, Casal Clérigos, Guisado, Teixeira, Casais da Ponte, Quinta da Loira, Casais Vale Souto, Casal de Matos e Casais das Almoinhas.

 Sobre o seu passado histórico não podemos deixar de incluir o belo texto redigido pelo ilustríssimo filho da terra, Dr. Carlos Querido, que transcrevemos:

“No ano de 1153, D. Afonso Henriques doa aos Monges de Cister uma vasta região que durante quase 700 anos permanecerá sob jurisdição desta Ordem, sedeada no Mosteiro de Alcobaça, até ao ano de 1834. Nessa doação se integra o território da futura vila e concelho de Salir de Matos. 

A primeira referência a esta terra surge numa bula do Papa Honório 3.º, datada de 1227, onde é descrita como “Granja”, com o nome de Selir do Mato, tendo recebido o primeiro foral (carta de povoação e foro) no ano de 1321, que consistiu num aforamento colectivo, através do qual o Mosteiro entregava a terra a 25 famílias de povoadores, em troca de um tributo correspondente a “o quarto de todos os frutos (…), e o quinto do vinho e do azeite e da fruta”, a que acresciam os direitos de fogaça e casaria, correspondentes a um alqueire de trigo e uma galinha por ano, por cada casa. As terras do Mosteiro eram designadas “Coutos de Alcobaça”, sendo o seu limite sul o Rio de Salir, abrangendo após a doação de Paredes por D. Fernando (1368), uma região de 440 Km², com treze vilas, dois castelos e três portos de mar. 

Em 1514, Salir de Matos recebe novo Foral, que confirma o anterior. 
Era vila e concelho, com uma organização administrativa constituída por um juiz, dois vereadores, procurador do Concelho, escrivão da câmara, almotacil e meirinho, sendo a sua sede dotada de casas de audiência, edifício da câmara, cadeia e pelourinho, tal como a descreve Frei Manuel de Figueiredo numa visita realizada em 1780. 

A Igreja de Salir de Matos foi construída no ano de 1566 por decisão do Cardeal D. Henrique, que era nessa data Comendatário do Mosteiro, pagando a povoação ao vigário, por ano, 60 alqueires de trigo, um tonel de vinho, e cinco mil réis em dinheiro, a que acresciam mil réis pelo ensino da doutrina. 

No ano de 1836, Salir de Matos foi reduzido à condição de freguesia e integrado no Concelho de Caldas da Rainha. 
O Rio de Salir era navegável, existindo muitas referências escritas ao Porto do Formigal, que se situava em frente da Capela de Nossa Senhora da Piedade, construída em data anterior a 1630, por Gaspar Garcês, cavaleiro professo da Ordem de Cristo.”

Pelo fim da manhã, mais um passeio pedestre dos Pimpões, com grau de dificuldade média e circular como os anteriores, concretizou-se (com o precioso apoio da Junta de Freguesia, Centro Recreativo e Cultural e de um simpático grupo de voluntários) em duas horas e trinta minutos, numa extensão de cerca de dez quilómetros, por um grupo de cento e vinte pessoas.

 Se deseja manter-se em boa forma física e com muita saúde, venha participar no próximo passeio pedestre e contactar com as águas que abastecem o Mosteiro de Alcobaça, no último domingo de Março. Esta actividade terá o seu ponto de encontro às nove horas em frente à sede dos Pimpões, à mesma hora, junto à Casa da Cultura de S. Martinho do Porto, ou às nove e meia em frente ao Mosteiro.

 Texto – Manuel Correia