130º Passeio Pedestre Abril 2012

Verde de Matos – 29 de Abril de 2012 Desta vez, no próximo Domingo dia 29 de Abril, vamos caminhar na freguesia de A dos Francos, concelho de Caldas da Rainha.

Iremos passar nas seguintes localidades: Casais de Sta Helena, Carreiros, Salgueirinha, Casal Sobreiro, Vila Verde de Matos e Broeiras

No dia 29 de Abril, último domingo do mês,
 o grupo de caminheiros dos Pimpões, em parceria com casa da cultura José Bento da Silva e da ACRD dos Casais de Santa Helena, realizou mais uma das suas interessantes caminhadas, circular como as anteriores, pela freguesia de A dos Francos, concelho de Caldas da Rainha. Acompanhados por um Sol envergonhado, que espreitava por entre nuvens carregadas de água cristalina, o grupo, formado por cerca de meia centena de pessoas jovens e sorridentes, passou pelas seguintes localidades: Casais de Sta. Helena, Carreiros, Casal Sobreiro, Broeiras, Vila Verde de Matos e Salgueirinha.

 O trajeto, na sua maior parte em territórios das Caldas,
foi charneira com outros três concelhos, Óbidos, Bombarral e Cadaval e dois distritos, Leiria e Lisboa. As vistas foram coloridas, perfumadas e brilhantes por entre encantadoras paisagens, formadas por campos de cereais, hortas, vinhedos, pomares diversos e floresta autótone. Região com grande intensidade orográfica, o relevo foi uma presença constante e o declive algo acentuado. Nos caminhos enviesados, outrora, circulavam mercadorias, notícias, sonhos e fantasias. Os carreiros aproximavam a vizinhança, abreviavam as distâncias e davam cobertura às fugas mais rápidas para abreviar.

A história de A-dos-Francos, segundo a tradição, remonta até à época de D. Afonso Henriques, por volta do ano 1147, séc. XII, tendo, estas terras, sido doadas, como comenda, aos Cruzados Francos, pelo primeiro Monarca Português, devido à ajuda prestada nas conquistas contra os Mouros.

 No princípio do séc. XIX, em 1807, as tropas napoleónicas, na primeira invasão francesa comandada por Junot, ocuparam estes concelhos resultando daí que, uma das famílias de apelido Ginós, do lugar de Vila Verde de Matos, parece ter tido a sua ascendência num dos soldados de Junot.

Em 1834, a freguesia de A-dos-Francos, depois ter pertencido à Casa das Senhoras Rainhas de Óbidos, foi anexada à Vila das Caldas. (Durante o presente ano 2012, estão a ser comemorados os 500 anos do Compromisso da Rainha, documento que assinou em 1512 e que apresenta um conjunto de princípios regulamentadores, base da assistência social, na Idade Moderna. Nele se espelham os desejos e intenções da Rainha relativamente à organização e gestão hospitalar).

 Entre os lugares com história, destacamos os Carreiros, sítio de passagem da estrada Real, como ainda hoje é testemunho a típica estação da mala-posta, edificada entre 1855 e 1856, com a estrutura de planta em U e inaugurada numa fase da expansão dos correios, em Portugal. Estas estações de muda de cavalos apresentavam uma maior unidade arquitetónica e dispunham de melhores condições para receber os viajantes que pretendiam cear e pernoitar. Situado na estrada antiga Lisboa - Caldas da Rainha, o imóvel apesar de estar classificado de interesse público, através do decreto lei 129/77, de 29-09-1977, encontra-se na posse de particulares, por ter sido vendido, em hasta pública pela Junta Autónoma das Estradas (aos Sr. José Tavares que nos transmitiu algumas vivências do passado “com uma porrada de anos”, e Sr. Salvador, o proprietário que gentilmente nos abriu as portas da “estação” e nos acompanhou em parte do passeio e almoço, os nossos agradecimentos).

 Em 1835 foi projetada uma nova estrada em que se adaptou o revolucionário método do engenheiro escocês John MacAdam em que se utilizou o método «Mac- Adam» na estrada entre Lisboa-Porto. A partir de 1852, com Fontes Pereira de Melo operam-se grandes remodelações nos serviços de comunicações. Foram adquiridas novas carruagens francesas. Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Mala-Posta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda. Apesar do bom serviço que as diligências prestavam, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, em 1864, muito embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «Manuais do Viajante» da época.

Sobre a Vila Verde de Matos, além do antigo visconde da vila (que não conseguimos encontrar) o Prof. Carlos Orlando, de Óbidos, escreveu o seguinte texto: “ No arrolamento paroquial de 1320 - 1321, a paróquia de Santa Maria de Vila Verde vem citada no termo de Óbidos. Como indica o seu topónimo, seria uma vila agrária organizada nos primórdios da Nacionalidade, uma freguesia medieval, que foi ultrapassada na sua importância, pela actual freguesia de A dos Francos, na altura do estabelecimento de uma colónia franca no termo de Óbidos. A freguesia pertencia à Casa das Rainhas. Na sede de Vila Verde existia uma albergaria, que recolhia os caminheiros pobres, a quem se dava esmola. Na sede da povoação de Vila Verde de Matos, ainda há as ruínas de uma ermida numa quinta, que estava entregue a umas religiosas de S. Bernardo, possivelmente oriundas do Convento de Cós de Alcobaça.

” Se gosta de caminhar com gente de pensamento positivo e divertida venha juntar- se ao grupo no próximo passeio que se realizará em Cela a Velha, no concelho de Alcobaça. Este evento terá o seu ponto de encontro às nove horas, no último domingo de Maio, em frente à Casa de Cultura de S. Martinho do Porto ou na sede dos Pimpões.
 Manuel Correia 

Organização – GRUPO DE CAMINHEIROS DOS PIMPÕES parceria com Casa da Cultura José Bento da Silva com o contributo do Acrd de Santa Helena